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França e UEFA dão show de horrores em um dos maiores vexames da Champions
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A UEFA e a França deram um show de desorganização e ineficiência na noite deste sábado, quando o Real Madrid venceu o Liverpool por 1 a 0 e se consagrou campeão da Liga dos Campeões da Europa pela 14ª vez.
Após os lamentáveis eventos deste sábado, foi possível constatar que a cidade simplesmente não estava preparada para receber um evento deste tamanho: apenas a maior final europeia de futebol dos últimos anos.
Vejam bem, quando Liverpool e Real Madrid decidiram a Champions pela última vez, em 2018, o jogo foi na fria e distante Kiev. A milhares de quilômetros de ingleses e espanhóis, que não puderam comparecer em peso.
Desta vez, porém, Paris fica literalmente ao lado de ambos. Tratam-se de duas das maiores torcidas não só da Europa, mas do mundo. E de times tradicionais, repletos de fanáticos, multicampeões.
Isso refletiu no maior vexame de uma final de Champions nos últimos anos, o atraso de 40 minutos para início da decisão. Culpa da incompetência dos ses na condução do espetáculo.
Desde o lado de fora, já era possível ver diversos torcedores burlando o sistema de segurança, ando sem ingresso pela zona limite que dava o às áreas próximas ao estádio para tentar a sorte na entrada.
Já na parte interna dessa região, muitos pediam ingressos, tentavam comprar de outros torcedores e buscavam alguma maneira de ingressar na partida. Sendo que, ali, nas ruas grudadas ao Stade de , pessoas sem tickets sequer poderiam estar.
Fossem os ses mais severos, isso teria sido coibido bem antes, já que a fiscalização ficava bem distante dos portões de o às arquibancadas. Para chegarem a elas, os torcedores precisavam ar por ao menos duas grades enormes ou barreiras de proteção que cercavam todo o complexo esportivo.
Sem o controle devido, o movimento de pessoas explodiu, já que muitos tentavam - e, em alguns casos, conseguiam - entrar sem ingresso após o primeiro bloqueio. Assim, gerou um caos natural na fila, o que atrasou a entrada dos ingleses.
Aqui, é preciso dar o contexto de que circulou uma informação de 70 mil torcedores do Liverpool em Paris. Não há como se confirmar esse número, mas é fato que eram imensa maioria nas arquibancadas. E que milhares ficaram do lado de fora da arena.
Então, diante da iminência do jogo, e com muitos torcedores que compraram ingresso ainda do lado de fora, a paciência se esgotou. Tentaram forçar a entrada, pularam os muros e o caos se instalou.
A polícia, despreparada, então, em vez de se reforçar para evitar invasões, resolveu agredir os torcedores que estavam para fora - e com ingressos! A pancadaria comeu solta e o gás de pimenta foi lançado pela primeira vez.
Assim, com a segurança ameaçada após a entrada irregular de dezenas, fora o ambiente de tensão do lado de fora, a partida foi adiada pela primeira vez por 15 minutos.
Mas o movimento não diminuiu. Revoltados, os torcedores xingavam os policiais e pediam apoio da imprensa. Enquanto conversavam com os jornalistas, a segunda rodada de spray foi lançada - e aí atingindo os repórteres presentes, incluindo este colunista.
A partir daí, focos de correria entre policiais e ingleses aram a acontecer em todas as partes dos arredores do Stade de . Os policiais eram tão despreparados que conseguiam atingir a si próprios com seus gases de pimenta.
Parecia mais uma rodada de Libertadores qualquer, não a final do principal torneio da Europa.
Após 40 minutos de atraso, o jogo começou, mas a situação continuava ruim do lado de fora, cheio de ingleses sem conseguir entrar, mesmo com ingresso comprado. E os ses não conseguiam se organizar.
Durante o jogo, não foi diferente. No intervalo, em um setor ao lado do gramado, presenciei ao menos mais 40 torcedores forçando a entrada. Assim, foi possível ver diversas pessoas abarrotadas em pé nas escadarias, já que não possuíam cadeiras.
A desorganização continuou após o fim da partida. Jornalistas que ficaram até mais tarde para a cobertura das coletivas de imprensa e entrevistas nas zonas mistas com os jogadores aram maus bocados para irem embora do Stade de .
Não havia mais trens ou transporte público. Já carros de aplicativo não aceitavam as corridas pelo histórico caótico na saída das partidas. Alguns foram embora a pé, mas outros voltaram acuados, com receio de roubos - que, por sinal, aconteceram aos montes nos arredores do estádio antes do jogo, segundo relatos.
Para quem não conhece, a região onde fica o estádio é bem perigosa. Na véspera, por exemplo, um jornalista brasileiro ficou receoso com a abordagem de dois locais e por pouco não sofreu um assalto. Foi quando descobrimos que não é recomendável andar pela região à noite.
Para efeito de comparação, imaginem um jornalista gringo que vem cobrir uma partida de Libertadores em uma noite em Itaquera, na Neo Química Arena. Sem falar português, o profissional não consegue transporte para ir embora e precisa ir a pé, de madrugada, andando quilômetros sozinho nas redondezas do estádio corintiano.
Ou, pensando em um contexto carioca, fazendo o mesmo após deixar São Januário, caminhando até a Zona Sul do Rio.
Complicado, né?
E a França ainda vai organizar os próximos Jogos Olímpicos?
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