Torcidas celebram volta de bandeiras com mastros em SP: 'Retorno da festa'

A decisão da Justiça de liberar a entrada de bandeiras com mastro aos estádios de futebol do estado de São Paulo foi comemorada por representantes de torcidas dos grandes clubes do estado. Os artefatos, que eram proibidos de adentrar as dependências esportivas desde 1996, agora podem novamente estar em uma partida.

A decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo prevê que as diretrizes serão estabelecidas pela Polícia Militar. A ela caberá especificar o material, tamanho máximo permitido, quantidade e setor onde poderá ser usado.

Presidente da Mancha Alviverde, uma das organizadas do Palmeiras, Jorge Luiz, acredita que a liberação é o retorno da "festa das torcidas".

"Eu achei uma medida tardia, mas importante. Fico contente com essa decisão, é importante, é o retorno da festa das torcidas, porque aqui em São Paulo, infelizmente, as torcidas não conseguem fazer festa. A gente até tenta, quer, mas tudo é proibido, até bexiga uma época chegou ser proibida", disse em entrevista ao UOL Esporte.

O presidente da Independente, organizada do São Paulo, Henrique Gomes - conhecido como 'Baby' - também se disse satisfeito com a decisão.

"Eu penso que a bandeira é um direito da festa do torcedor. A bandeira é um direito, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Nordeste, todo o lugar a bandeira de mastro é permitida. Aqui em São Paulo foi provado que não foi por causa da violência que mudou que o mastro é o culpado. Estamos contentes e esperamos que a festa volte como era antigamente com 55 bandeiras dentro do estádio", aponta.

A liberação é vista por Amilton Alves de Brito, o 'Padinho', líder da Gaviões da Fiel, torcida organizada do Corinthians, como um voto de confiança. "Se alguém se exceder e acabar querendo agredir um outro torcedor com o ório, quem perderá seremos nós".

O responsável por encaminhar a documento de representação à Justiça de São Paulo, César Saad, delegado da Polícia de Repressão aos Delitos de Intolerância Esportiva (DRADE), vê a liberação como uma modernização da lei, já que o estado era o único do país que ainda proibia os órios.

"Nós vamos ter o nome de cada torcedor que for ficar responsável pelas bandeiras. Todos sabem que qualquer ato de violência resultará novamente na proibição desses artefatos", disse. Por essa razão, Saad considera que dificilmente os torcedores farão uso dos mastros como arma.

"A pessoa que ficar com o ório, deixará o nome, RG, todos os seus dados com a polícia. Se algo acontecer, ela será responsável e a torcida também, porque ficarão impedidos de usar as bandeiras", completou o delegado.

Aumenta a violência

Os representantes das torcidas têm um discurso parecido quando o tema é um possível aumento da violência nos estádios. De acordo com eles, a medida é um voto de confiança e a fiscalização ajuda a evitar qualquer ato violento.

"Se você entrar nos estádios com os bambus, tem que falar com antecedência quem é que vai entrar, o nome da pessoa, o RG. Quando entrar, o policiamento vai pegar o RG com a pessoa responsável, e os bambus ficarão na parte que está a torcida. Então, se acontecer algo de violência que sejam usado os bambus, aí sim a pessoa terá a responsabilidade civilmente", alega Jorge Luiz, presidente da Mancha Alviverde.

"Nunca foi e nunca será instrumento para a violência. Violência é proibir a festa. A festa ficará liberada se for com 50, 100 bandeiras e não só das organizadas, o torcedor comum também tem o direito de levar a sua bandeira também pro estádio. Voltar 2, 3 bandeiras pra mim não é festa, tem que voltar de 50 a 100 mastros e o torcedor comum poder trazer as bandeiras para o estádio também", afirma Baby, da Independente.

"Isso tudo só depende de nós, fazer um trabalho com as outras torcidas também pra não ter mais problema. Para daqui alguns dias não tirarem novamente. Agora, é um trabalho de um conjunto, mas ficamos muito felizes. É uma grande vitória não só para o Grêmio Gaviões da Fiel, mas como para todas as entidades", completa Amilton Alves de Brito.