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"Mataram Diego lentamente"

Morte de Maradona completa 100 dias hoje, e investigação apura maus tratos e negligência médica

Tales Torraga Colunista do UOL Marcelo Endelli/Getty Images

Há exatos cem dias, Buenos Aires vivia a tarde "em que apagaram a luz", metáfora que une a morte de Diego Armando Maradona a uma famosa canção de Charly García, o papa do rock argentino. Depois das maiores glórias e dos mais pesados dramas, Maradona respirou pela última vez em um quarto improvisado, em uma casa alugada por temporada, às margens do idílico rio Tigre, nas cercanias da capital portenha.

Acostumada a viver amores com a mesma intensidade com a qual castiga seus pecadores, a Argentina assiste horrorizada às novidades que jogam luz sobre sua morte. A perplexidade atingiu o auge nesta semana com o lançamento do documentário "La muerte de Maradona: sus últimos días". A produção do Infobae, um dos principais portais de notícias da Argentina, revelou áudios e textos da investigação indicando que Diego era obrigado a trabalhar mesmo sem condições. Seu "entorno" só se preocuparia com o saldo bancário.

O documentário traz à tona áudios que mostram que o médico Leopoldo Luque e o advogado Matías Morla sabiam dos excessos do craque, mas não fizeram muita coisa para ajudá-lo. O vídeo, de 34 minutos e disponível no Youtube, termina com uma contundente acusação de Verónica Ojeda, mãe de Dieguito Fernando, filho caçula do astro: "Mataram Maradona lentamente. Assumo o que digo."

Marcelo Endelli/Getty Images
Reprodução/Infobae

Um médico bêbado e manipulado

Os áudios reunidos no documentário mostram a irresponsabilidade do médico de Maradona, Leopoldo Luque, em relação aos cuidados com o paciente. Luque narra uma bebedeira que teve com o craque e o define como "um velho otário".

Em outros áudios, ele reconheceu saber que "Maradona fumava maconha e misturava vinho, cerveja e medicamentos psiquiátricos" e era "dopado para que seus assistentes levassem mulheres a sua casa". Luque não demonstrou empatia nem nos minutos finais da vida do paciente VIP. Em uma mensagem de voz enviada a um amigo, disparou uma frase que já faz parte do inconsciente coletivo argentino: "El gordo se va a cagar muriendo", algo em português como "está fodido, vai morrer".

A produção mostra ainda como Luque — com a ajuda da esposa — falsificou a de Maradona para obter um prontuário médico (veja no álbum mais abaixo) e, ainda em abril de 2020, buscou orientação judicial para se safar das culpas que cercariam a morte do astro.

O médico respondia diretamente a Matías Morla e Víctor Stinfale, advogados e representantes de Maradona. O trio combinava o teor das declarações à imprensa e à família de Diego. A TV El Trece, segunda maior da Argentina, revelou que a equipe médica recebia 300 mil pesos (R$ 18,6 mil) por mês.

Quando falei com Diego, não sei quem estava mais bêbado. Por isso saímos na mão, uma briga de bêbados. Eu me entusiasmei, senti que estava ajudando e depois me senti um imbecil. Tinha vontade de arrebentá-lo na porrada e falar para ele: 'quem pensa que é, vai tomar no cu, velho otário, não consegue nem parar em pé, cuzão, está mais sozinho que uma aranha, nem suas filhas falam com você'."

Leopoldo Luque, médico de Maradona, em áudios apresentados no documentário do portal Infobae

Gianinna [filha de Diego] está dizendo que você está preso e que está bêbado o dia inteiro, como se fosse um fantoche. Ela faz isso porque quer defender a mãe nos processos [de divisão de bens]. Preciso que você grave um vídeo mostrando que está bem. Estão dizendo que você está mal, enquanto está bem. A única coisa que precisa fazer é cortar a bebedeira até umas sete da tarde, e pela manhã estar pronto."

Matías Morla, advogado e empresário de Maradona, em áudios enviados ao astro e apresentados no documentário

Reuttrs

Sem andar (mas jamais sem faturar)

Maradona entrou em um campo de futebol pela última vez em 30 de outubro de 2020, em uma homenagem pelo seu aniversário de 60 anos (foto acima). Aparentava ter 90. Mal conseguia caminhar — as imagens recuperadas pelo documentário mostram seu desespero quando uma das pessoas que o acompanhava soltou sua mão. Os relatos dão conta que Maradona virou a noite anterior bebendo e foi pressionado por Morla e Stinfale a comparecer à homenagem. O astro chegou a suplicar para voltar para casa, mas foi obrigado a ficar por força do contrato que previa o pagamento de US$ 60 mil por seis aparições.

Os "chefes" de Maradona sabiam que ele bebia e fumava maconha mesmo durante o tratamento, mas lavavam as mãos. "Sou o advogado, não o pai", disse Matías Morla.

O documentário mostra que Morla ainda colocou pessoas da sua confiança no entorno de Maradona, como Vanessa Morla, sua irmã, e Maxi Pomargo, seu cunhado, que se tornou assistente pessoal do astro. Na planilha de gastos de Maradona, referente ao mês de outubro e revelada pela TV El Trece, consta o pagamento de 130 mil pesos (R$ 8 mil) para Vanessa.

Há também boatos, repercutidos na TV América, que Morla teve um romance com Rocío Oliva, a última namorada de Maradona, que negou veementemente. Com medo de ser linchado, o advogado mudou drasticamente o visual e só sai de casa camuflado. Os fãs de Maradona convocaram até uma manifestação, marcada para 10 de março, para pedir a prisão de Morla.

Por favor, que não levem Diego à casa das filhas. Fundamental. Se ele vai para a casa de Gianinna, o perdemos. Disso depende o trabalho de todos. O trabalho de muitas pessoas depende de mim. Tranquilo, que se consigo sair dessa, há dinheiro para todos."

Maxi Pomargo, assistente de Maradona, em mensagem de texto ao médico Leopoldo Luque apresentada no documentário do portal Infobae

Reprodução/Twitter Reprodução/Twitter

Jogo de cena

Dois personagens de peso desembarcaram na vida de Diego Maradona nos seus últimos meses: a psiquiatra Agustina Cosachov, em setembro, e o psicólogo Carlos Díaz, nas semanas derradeiras. Ambos se reportavam a Leopoldo Luque.

O documentário mostrou que o papel de Cosachov não se limitava à saúde de Maradona e que ela atendia aos interesses financeiros dos representantes do astro ao controlar, por exemplo, as informações readas às filhas dele em um grupo de WhatsApp. A justiça investiga se os medicamentos receitados pela psiquiatra não teriam levado Maradona à parada cardiorrespiratória que o matou. "Tenho cagaço de que queiram me enrabar pelos remédios que receitei", diz a médica em uma mensagem.

A grosseria no diálogo também choca. Em uma das mensagens de texto, Cosachov chama Verónica Ojeda, mãe do filho caçula de Maradona, de "negra favelada", e Luque se refere à filha mais nova do jogador, Jana, como "uma idiota de merda". Ambas pediam a internação do astro.

O psicólogo Carlos Díaz teve pouco tempo para agir. Suas iniciativas de melhorar o ânimo de Diego — como criar uma videoconferência com os campeões mundiais de 1986 — foram barradas por Maxi Pomargo, que via o contato com outras pessoas como possível risco ao controle do séquito assalariado por Diego.

Vamos ar pouca informação à Verónica Ojeda. Ela é uma negra favelada, uma barraqueira, está criando caso querendo internar Diego."

Agustina Cosachov, psiquiatra de Maradona, em comunicação de WhatsApp apresentada pelo portal Infobae

As principais internações de Maradona

  • Janeiro de 2000 - Uruguai e Argentina

    ou três semanas em Punta del Este (Uruguai) se recuperando de uma overdose de cocaína. Depois, foi transferido para um hospital de Buenos Aires.

  • Janeiro de 2000 a março de 2004 - Cuba

    Entre idas e vindas, Maradona acumulou quase dois anos e meio no "complexo turístico de saúde" La Pradera, em Havana.

  • Abril a maio de 2004 - Argentina

    Ingressou na Clínica e Maternidade Suíço Argentina (em Buenos Aires). Ficou 11 dias e abandonou o lugar sem alta --para retornar em 5 de maio por uma "transgressão alimentar".

  • Junho de 2005 - Colômbia

    Fez cirurgia para reduzir o estômago e ficou internado por duas semanas.

  • Março de 2007 - Argentina

    ou dez dias no Sanatório Güemes, na capital portenha, por uma descompensação relacionada ao "excesso de peso, sem relações com drogas".

  • Abril de 2007 - Argentina

    Internado em duas clínicas psiquiátricas, a Los Arcos e a Avril, ambas em Buenos Aires. Recebeu alta em 5 de maio.

  • Janeiro de 2012 - Emirados Árabes

    Operado às pressas por cálculo renal, recebeu alta no dia seguinte.

  • Novembro de 2015 - Venezuela

    Revisão do procedimento gástrico de 2005. Ficou internado por duas semanas.

  • Janeiro de 2019 - Argentina

    Internado na Clínica Olivos para nova revisão da sua operação gástrica.

  • Novembro de 2020 - Argentina

    Levado ao Sanatório Ipensa de La Plata e depois operado de um hematoma subdural no cérebro na Clínica Olivos, em Vicente López (arredores de Buenos Aires).

Demian Alday Estevez/EFE

Ele não vai aguentar ser internado de novo, vai armar um escândalo, vai fugir, não encontro solução".

Leopoldo Luque, médico de Maradona após a última internação do astro, em áudio revelado pelo portal Infobae.

Reprodução/Infobae

O amor que não foi

Em meio às revelações sobre os últimos momentos de Maradona, surgiu a versão de que ele se apaixonou pela decoradora e empresária Jazmín Garbini e que, na véspera de sua morte, insistiu em conversar com ela. "Estávamos tentando encontrar uma maneira de ele estar bem e convidá-la para sair", afirmou Verónica Ojeda, ex-namorada de Maradona, ao revelar a busca do astro por uma nova companheira.

Jazmín, de 46 anos, é casada e tem dois filhos adultos, e a família toda — marido inclusive — foi visitar Maradona em sua casa em La Plata para entregar uma poltrona encomendada pelo ex-jogador. "Ele me mandou flores, parecia um pouco obcecado comigo", comentou Jazmín à TV América.

A revelação caiu mal entre as filhas de Maradona. Dalma, a mais velha, atacou a empresária nas redes sociais, acusando-a de se promover às custas de quem já havia morrido.

A casa do horror

Acostumado ao luxo de mansões, Diego Maradona morreu em uma casa simples no bairro San Andrés, em Tigre, nos arredores de Buenos Aires, após ar 13 dias no local. O imóvel, escolhido por Jana, Dalma e Giannina, filhas de Maradona, com o aval de Leopoldo Luque e Agustina Cosachov, custou US$ 16 mil (R$ 96,3 mil) por um contrato de três meses.

Por causa dos problemas de articulação de Maradona, optaram por instalá-lo no térreo, em espaço improvisado que servia de quarto com banheiro químico dentro — um óbvio foco de infecções para quem havia acabado de operar a cabeça. O craque reclamava por tomar banho de mangueira espremido no banheiro químico. Seu sobrinho Johnny Espósito, que vivia com o tio e o assistente Maxi Pomargo na casa, disse que o craque apresentava incontinência urinária. O jornalista Luis Ventura contou à TV América que a limitação de Maradona se estendia também ao esfíncter.

Em depoimento à Justiça, Griselda Morel, pedagoga de Dieguito Fernando, caçula de Maradona, revelou que havia muita sujeira e bebidas espalhadas pelo chão da casa, que só ficava limpa na presença de Monona, a cozinheira de Diego.

O craque não pôde pedir socorro. A casa não tinha ambulância ou desfibrilador que pudesse reverter a parada cardiorrespiratória que o matou. "Se era para ter tudo isso, para que então tirá-lo da clínica?", questionou Luque no jornal "Clarín".

O outro lado

O peso da pressão da mídia é muito forte, mas o que importa é o que acontece na Justiça, não no que a imprensa diz. Parece que a morte de Maradona precisa ter um culpado e que Luque já recebeu sua sentença. Esta condenação social vai terminar quando aparecer a condenação judicial."

Alejandro Cipolla, advogado de Leopoldo Luque, ao jornal "Clarín"

Maradona estava preso? Como então ele telefonou para Claudia [ex-mulher] no seu último domingo de vida">

Publicado em 5 de março de 2021.

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Reportagem: Tales Torraga. Edição: Ana Flávia Oliveira.

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