'Envelhecer não é uma merda': Carla Marins volta à TV e quer papéis maduros
De Splash, em São Paulo
09/06/2025 05h30
Carla Marins, 57, se prepara para voltar à Globo após 12 anos longe da emissora. A atriz, lembrada por papéis como o de Joyce, em "História de Amor" —reprisada atualmente nas tardes da emissora—, e Cristina, em "Bambolê", diz estar vivendo um momento de "renascimento" e está pronta para interpretar personagens mais maduras.
Em entrevista a Splash, ela, que se prepara para a novela "Três Graças", próxima trama das 21h, fala dos cuidados com o corpo após os 50, da relação com a imagem e da expectativa para a nova novela.
Desde muito jovem na TV, Carla diz que lida com a agem do tempo com tranquilidade e leveza. "Quando eu era mais jovem, brincava muito que eu queria envelhecer porque queria fazer personagens mais densos, sérios, profundos. Agora, estou nesse lugar. [...] Como na vida, vamos ficando mais fera para lidar com as coisas, com o próprio trabalho", diz.
Eu me cuido, mas sem muito excesso, porque quero refletir no meu rosto a vida que eu vivi, tudo que eu ei. Isso faz parte e, para o trabalho do ator, isso é até essencial.
Por isso, ela tem uma abordagem mais conservadora quando se fala em tratamentos estéticos. "Estou no momento de escolher como vou envelhecer: ou eu vou virar um maracujazinho de gaveta e fazer vários personagens centenários ou eu vou levantar um pouquinho. Eu fico com medo, porque sou de uma geração que começou a trabalhar na década de 1990, onde nossos rostos eram muito naturais, não fazíamos tantos procedimentos."
Carla tem investido em procedimentos pouco invasivos antes de voltar à Globo. Atendida pela cirurgiã-plástica Maiéve Corralo, a atriz ou pelo ultrassom Ultraformer, pela radiofrequência microagulhada, e fez aplicações de toxina botulínica, bioestimuladores de colágeno injetáveis e fios de polidioxanona. Todos os tratamentos são focados na produção de colágeno, em preenchimento e na melhora da flacidez. "Achei perfeito, ficou muito natural e eu estou gostando muito", diz.
Apesar de ser bastante dedicada ao exercício físico, ela afirma que o mais importante é ter um corpo funcional. "Eu vejo rugas, eu vejo pele e está tudo certo, faz parte. O que eu considero um corpo bom e que realmente me dá autoestima é um corpo funcional, mais até do que um corpo bonito. Poder andar, subir, caminhar, correr. Ter um corpo que me atende, ágil, que segue o que a minha mente está querendo fazer. Isso faz com que eu olhe para as dobrinhas e não me incomode."
Eu não sei se digo que eu sou velha, mas eu não sou jovem e não quero mais ser jovem. Eu já fui jovem. Quero ser uma mulher madura com a experiência que acumulei ao longo dos anos. Quero viver com potência essas novas décadas. São fases, e cada fase é maravilhosa.
Os cuidados com o corpo contam com a ajuda do marido, Hugo Baltazar, que é personal trainer. "Ele é muito danado, porque ele não me cobra nada. Ele faz, dá o exemplo, aí fica difícil não seguir. [...] Ele me colocou na linha na assiduidade, no comprometimento. Faço exercício seis vezes por semana. Treino com meu marido segunda, quarta e sexta, faço aeróbico terça, quinta e sábado. Domingo, descanso".
Os 50 vieram com uma crise que fez Carla "olhar para dentro" e se preparar para as próximas décadas. "Fiquei sem chão. Entrou a menopausa e surgiram vários questionamentos. Mas foi tudo muito válido. Fiz esse dever de casa e estou entendendo que vou entrar em plenitude na década dos 60. [...] Esse dever de casa é olhar para sim, olhar para dentro."
O perigo de envelhecer é que você pode envelhecer até com 20, 30. Envelhecer é ficar engessado em determinados pensamentos, não mudar, não se transformar. Envelhecer não é uma merda. Mas é perigoso se você entra no automático. [...] Por isso, essa fase dos 50 tem minhas memórias mais felizes. Estou sentindo um renascimento para viver as próximas décadas com muita potência e integridade. Carla Marins
O retorno à Globo é muito aguardado por ela e pelo público. Carla conta que a reprise de "História de Amor", na Edição Especial, impulsionou a "cobrança" por sua volta à televisão. Na novela, a atriz vive Joyce, que tem uma relação conturbada com a mãe, Helena (Regina Duarte), e com Caio (Ângelo Paes Leme), namorado de quem engravida. O último trabalho na emissora foi "Malhação", em 2012, enquanto o trabalho mais recente na TV foi a novela "Gênesis", na Record, em 2021.
A Globo tem uma amplitude maior, de público e de interesse. É muito gostoso. [...] A Globo é minha casa. Tenho memórias maravilhosas e sou muito grata a tudo que vivi lá, porque me formou como atriz, como pessoa, me deu oportunidades de vida, de trabalho. Estou com uma expectativa maravilhosa.
Carla está empolgada para trabalhar novamente com Aguinaldo Silva, com quem trabalhou em obras como "Pedra sobre Pedra" (1992) e "A Indomada" (1997). "Ele escreve bem, gosta de ator, vê muito o que a gente faz. Tem um diálogo ali muito bacana."
Eu me dei um momento de viver com muita intensidade minha vida pessoal e foi muito bom. Tudo isso compõe a gente. Eu tinha uma vida profissional muito viva, colorida, e completei isso com minha vida pessoal. Essas décadas estão completas agora e, dos 57 aos 87, vai ser um novo momento profissional para mim. É uma Carla inteira, com vida pessoal e profissional bem amalgamada. Estou muito inteira.