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Tatiana Vasconcellos

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Por que brasileiras têm sido chamadas de 'ladras de marido' em Portugal

Brasileiras que vivem em Portugal se deparam com estereótipo machista de que seriam "destruidoras de lares" e "ladras de marido" - Getty Images/iStockphoto
Brasileiras que vivem em Portugal se deparam com estereótipo machista de que seriam "destruidoras de lares" e "ladras de marido" Imagem: Getty Images/iStockphoto

Tatiana Vasconcellos

Colunista do UOL

26/08/2022 04h00

O Bicentenário da Independência me deu vontade de falar sobre ser brasileira em Portugal e do que ainda precisamos nos livrar, nos independer. Dois meses e pouco depois de vivência em Lisboa, entendi que basta abrir a boca e falar português do Brasil para olhares, expressões, tons de voz e atitudes mudarem. Assim como relataram mulheres negras com quem conversei, as formas de xenofobia podem parecer discretas, mas são violentas. "Volta pra tua terra" é o insulto campeão. Perguntei para algumas mulheres que vivem há mais tempo em Lisboa —nenhuma delas será identificada por seu nome real— quais formas de preconceito já enfrentaram por serem brasileiras. As respostas foram bem parecidas.

O estereótipo mais comum é o da brasileira "ladra de maridos". Por reforçá-lo (em vez de desconstruí-lo), a atriz Luana Piovani foi bastante criticada quando participou de um programa de humor na TV portuguesa interpretando uma "brasileira destruidora de lares".

Joana* vive em Lisboa desde 2019, conhece e se dá bem com todo mundo no bairro onde mora. Menos com a dona do café da esquina, que ela frequenta diariamente há três anos. "Nem olha na minha cara. Quando vou pagar, dou o dinheiro na mão dela. Ela me devolve o troco jogando a moeda no balcão, dou boa tarde e ela me ignora", conta, entre risos, acrescentando que o dono do café a trata diferente, com cortesia e educação.

Mas a expressão dela muda quando relembra um episódio de discriminação que sofreu no jardim do prédio onde mora. Ela fazia trabalhos de marcenaria com a ajuda de um carpinteiro quando notou estar sendo filmada.

Eram os vizinhos portugueses do prédio, todos homens, inquirindo a moradora brasileira sobre o que ela pretendia fazer ali com aquelas madeiras. "Acharam que eu ia construir um barraco e fazer um pagode, diziam: 'Aqui é Portugal, não é Brasil, não'. E imediatamente rebati: 'Não, mesmo'. No Brasil vocês responderiam criminalmente por isso", conta. A propósito, Joana estava construindo uma bancada para a cozinha.

"Não participo de algumas reuniões profissionais, porque tem clientes portugueses que não gostam de brasileiro e me vetam, mesmo perdendo na qualidade do trabalho", me conta outra delas, Teresa*.

Branca e de olhos claros, ela acredita que o fenótipo a blinde de algumas camadas de preconceito. "Já aconteceu de eu estar quieta em uma parada de ônibus e ouvir piadinhas sobre brasileiros. Lembro um casal de uns 50 anos em que a mulher dizia ao cara que não ia contratar nenhuma brasileira porque ia roubar o marido dela."

Dei boas risadas ouvindo interpretações de histórias verdadeiras do dia a dia, como a da vizinha portuguesa que fecha a cara e baixa a cortina com violência quando avista a brasileira na janela da frente. Mas de onde isso vem?

Teresa, que tem mestrado em gênero em Portugal, me conta sobre o episódio que ficou conhecido como "Mães de Bragança", uma reação de moradoras da cidade de 28 mil habitantes a chegada de cerca de 300 brasileiras, em 2003.

E assim "brasileira" teria se transformado imediatamente no imaginário português em "ladra de maridos", o que faz com que sejamos assediadas por homens e vistas como inimigas por mulheres portuguesas. E entender como é uma brasileira no imaginário português é entender como se dará a sua existência em Portugal.

Maria* tem características físicas que, ela diz, a enquadram no estereótipo da morena brasileira com traços de povos originários.

"As piores xenofobias que sofri vieram pela sexualização, inclusive em ambiente de trabalho. A maioria, por homens. Chefes, colegas de trabalho. Em balada me olham como a brasileira que a colonização vendeu e depois o turismo do Brasil vendeu. Com as mulheres menos, acho que é mais velado. Mas já ouvi essa construção de que mulheres brasileiras roubam os maridos delas. É o que eu tenho que carregar. Não é fácil de barrar isso, mas não estou nem aí pra esse pessoal que pensa isso."

É difícil ser mulher nesse mundo. É mais difícil ser mulher brasileira em alguns lugares. As denúncias de casos de xenofobia contra brasileiros em Portugal explodiram desde 2017, um aumento de 433%, segundo a Comissão para a Igualdade e contra a Discriminação Racial, órgão ligado ao governo português.

Em 2020, foram 96 queixas por discriminação contra brasileiros. Em 2017, apenas 18. E, claro, o número de casos reais é bem maior. Oficialmente, são cerca de 200 mil brasileiros vivendo em Portugal. A estimativa é que esse número seja até cinco vezes maior, já que os que têm dupla cidadania não entram na conta. E que aumente ainda mais com as novas regras para brasileiros.


7 de setembro

Uma parte do mundo tem discutido conceitos do pensamento decolonial, países europeus estão sendo pressionados a se reaver oficialmente com seu ado colonizador, escravocrata. E o Brasil celebra o coração do seu colonizador no Bicentenário da Independência de Portugal.

*Os nomes foram alterados a pedido das entrevistadas.