PrEP evita HIV e ajuda a combater outras ISTs, mas não substitui camisinha

Distribuída pelo SUS desde o final de 2017, a PrEP -- Profilaxia Pré-Exposição ao HIV -- foi foco de discussão nas redes sociais neste sábado (31/03) após a divulgação da revista Época desta semana, que traz como matéria de capa "A Outra Pílula Azul - O novo medicamento que está fazendo os gays abandonar a segurança da camisinha".
O médico infectologista Rico Vasconcelos, coordenador do SEAP HIV, ambulatório especializado em HIV do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, que vem participando de importantes estudos sobre a PrEP, explica que mesmo evitando o HIV --e auxiliando no combate a outras ISTs (Infecções Sexualmente Transmissíveis) --, o medicamento não substitui a proteção trazida pelo preservativo.
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Vasconcelos ressalta que, ao contrário do que alguns pensam, estudos mostram que pessoas que usam PrEP não só continuam se protegendo com camisinha, como também diminuem o número de parceiros com o ar do tempo, o que reduz o perigo de contaminação por uma IST. "A pessoa em PrEP a de três em três meses por um aconselhamento com um profissional de saúde, que discute sobre suas vulnerabilidades. Então, alguém que antes não pensava sobre seus riscos começa a gerenciá-los melhor e se comportar de maneira diferente, transando cada vez mais com camisinha", afirma o médico infectologista.
"Pessoas que fazem sexo sem preservativo já existiam muito antes da PrEP, tanto que temos mais de 40 mil indivíduos pegando HIV por ano no Brasil. Então, é errado dizer que a PrEP fez todo mundo que usava camisinha abandoná-la. Pelo contrário. Estamos conseguindo fazer com que pessoas que já transavam sem proteção e eram vulneráveis a todas as ISTs, ao se vincularem à PrEP, consigam evitar ao menos o HIV -- e muitas ainda começam a usar preservativo e se protegem de outras doenças", declarou Rico Vasconcelos, que é colunista de VivaBem.
PrEP pode combater até outras doenças
Vasconcelos explica que estudos futuros vão mostrar que a PrEP pode ser boa até mesmo para combater ISTs que não são diretamente prevenidas pelo medicamento. "As pessoas vinculadas ao serviço de aconselhamento fazem testes, a cada três meses, de HIV e também sífilis, gonorreia e clamídia. Isso permite que elas identifiquem e tratem esses problemas logo, deixando de contaminar possíveis parceiros", acredita Rico Vasconcelos.
A seguir, respondemos 12 dúvidas sobre a PrEP, para você entender melhor como o tratamento funciona.
O que saber sobre a PrEP
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O que é a PrEP?
"PrEP" é a Profilaxia Pré-Exposição ao HIV. A ideia é que as pessoas tomem um medicamento para evitar uma infecção caso ocorra exposição ao vírus da Aids. Para isso, é necessário ingerir, diariamente, uma pílula que contém dois medicamentos (tenofovir e entricitabina) capazes de agir nas enzimas do HIV.