Células do câncer de mama se agrupam antes de se espalharem, diz estudo

Resumo da notícia
- Pesquisa procura desvendar os processos por trás da metástase, principal fator de mortalidade entre pacientes com câncer
- Cientistas usaram como modelo um dos tipos mais comuns de câncer de mama para entender o papel de uma proteina específica na metástase do tumor
- Sem a proteína, as células cancerígenas estavam mais propensas a abandonar o tumor primário, mas acabavam morrendo de forma prematura
- Os médicos esperam que a descoberta ajude a criar novas formas de impedir a metástase em pacientes com diversos tipos de câncer
Quando o assunto é câncer, os médicos concordam que a metástase, processo pelo qual as células cancerígenas se espalham por outros órgãos, é um dos fatores mais relevantes para aumentar a mortalidade dos pacientes.
Mas pesquisadores da Johns Hopkins Kimmel Cancer Center, nos Estados Unidos, deram um o importante para entender esse processo. Eles descobriram que uma proteína de adesão celular chamada E-cadherin permite que as células cancerígenas sobrevivam enquanto viajam pelo corpo para formar novos tumores.
As conclusões foram obtidas em experimentos feitos em laboratório e em ratos e utilizaram como modelo uma das formas mais comuns de câncer de mama, o carcinoma ductal invasivo (que se inicia nos dutos de leite na mama).
A proteína parece limitar o estresse molecular das células cancerígenas e permite que elas sobrevivam tempo suficiente para formar novos tumores. A descoberta, publicada em estudo na revista Nature, pode levar a novas formas de prevenção do câncer de mama em pacientes que apresentam reincidência da doença.
Metástase ainda não é totalmente compreendida
Cientificamente, a metástase é caracterizada por vários diferentes estágios: há a fase em que as células escapam do tumor primário, viajam pelos vasos sanguíneos e aparecem em novos órgãos, onde semeiam um novo tumor.
Muitas pesquisas então focaram em entender como as células cancerígenas se mantinham unidas com a ajuda da molécula E-cadherin.
Nesse processo, antes do estudo, os médicos acreditavam que para a metástase ocorria, as células deveriam perder a E-cadherin. No entanto, eles não sabiam explicar por que os tumores dos pacientes ainda mantinham a proteína em suas células.
A equipe do Johns Hopkins Kimmel Cancer Center decidiu, então, realizar um estudo focando exclusivamente nesse biomarcador para identificar qual é o seu papel na dispersão de células cancerígenas no organismo.
Como o estudo foi feito
- Os cientistas testaram o papel da E-cadherin, uma proteína de adesão (ou seja, que facilita a ligação entre células) em três modelos experimentais de carcinoma invasivo ductal que representam os subtipos mais comuns de câncer de mama em humanos: luminal, basal e triplo negativo;
- Esses subtipos têm padrões diferentes de expressão de genes e diferentes resultados médicos em pacientes;
- Primeiro, eles testaram o papel da proteína durante a invasão do câncer. Em todos os três modelos, a perda do gene da proteína aumenta dramaticamente a habilidade das células em invadir os tecidos saudáveis;
- Em um dos modelos, os tumores com células sem a proteína avançaram para as bordas em 82% das vezes;
- Contudo, perder a proteína acabou sabotando todos os outros estágios da metástase em todos os modelos de câncer de mama, tanto nos experimentos em laboratório como nos modelos animais;
- Os cientistas perceberam que, sem a E-cadherin, as células se perderam enquanto migravam e morreram em grandes quantidades em todos os estágios depois de sair do tumor primário;
- As poucas que conseguiram migrar e sobreviveram não proliferaram em novos órgãos e raramente formaram novos tumores;
- Os pesquisadores, então, concluíram que a proteína retarda a invasão das células cancerígenas, que precisam primeiro estarem conectadas para sobreviver e, só então, caírem na corrente sanguínea e se espalharem para outros órgãos.
Por que isso é importante?
Por ser um processo pouco compreendido, a metástase continua sendo a maior causa de mortalidade entre os pacientes de câncer. O estudo, assim, visa desvendar os mecanismos por trás desse processo.
Embora utilize como modelo um tipo de câncer de mama, o estudo pode ajudar outras pesquisas envolvendo outros tipos de tumor a entender melhor os processos de metástase.
Além disso, durante o estudo, os pesquisadores também notaram que, mesmo em condições de laboratório, a metástase é um processo altamente ineficiente. A pesquisa sugere que cerca de 99% das células que saem do tumor primário morrem e nunca formam novos tumores.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, , ler e comentar.
Só s do UOL podem comentar
Ainda não é ? Assine já.
Se você já é do UOL, faça seu .
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.