Memória também se treina
As memórias de curto prazo, como o número de um telefone falado há poucos minutos ou a placa de um carro que você só precisa lembrar até achar um papel e uma caneta, estão ligadas a um impulso elétrico momentâneo do hipocampo.
Se essas informações são esquecidas é por que elas não foram enviadas para áreas mais estruturadas no cérebro. Para que virem memórias definitivas, o único caminho é treinar.
"O que é preciso é usá-las por mais tempo. Por exemplo, se começo a tocar uma música nova no piano e paro para ir ao banheiro, na volta, já esqueci. Aí, toco de novo, de novo e de novo. De tanto repetir algo, é como se o o hipocampo falasse assim: 'Poxa, se ela está repetindo tanto, então isso é importante, é melhor memorizar do que ficar toda vez aprendendo do zero.' Assim, vou criando modificações na minha rede neural", diz Louro, que faz parte do Departamento de Música da UFPE.
Acontece, depois da repetição, o que os cientistas chamam de plasticidade cerebral. É quando a informação sai daquele impulso momentâneo, comum para as memórias de curto prazo, e se reestrutura alterando a organização do sistema nervoso. É assim que nosso cérebro, do ponto de vista científico, funciona para guardar memórias a partir das nossas experiências e comportamentos.
"A memória fica armazenada em diferentes partes do cérebro e é evocada pelo hipocampo, que é capaz de formar novos neurônios. Isso acontece muito nas crianças, mas também em adultos, e é chamada de neurogênese. Mostra que nosso cérebro é capaz de continuar evoluindo por meio de novas experiências", explica Wyse.