"O coronavírus levou minha perna"
Damião Silva precisou amputar a perna após quadro de trombose relacionado à infecção pelo Sars-CoV-2
Giulia Granchi, de VivaBem, em São Paulo
;(function() { window.createMeasureObserver = (measureName) => { var markPrefix = `_uol-measure-${measureName}-${new Date().getTime()}`; performance.mark(`${markPrefix}-start`); return { end: function() { performance.mark(`${markPrefix}-end`); performance.measure(`uol-measure-${measureName}`, `${markPrefix}-start`, `${markPrefix}-end`); performance.clearMarks(`${markPrefix}-start`); performance.clearMarks(`${markPrefix}-end`); } } }; /** * Gerenciador de eventos */ window.gevent = { stack: [], RUN_ONCE: true, on: function(name, callback, once) { this.stack.push([name, callback, !!once]); }, emit: function(name, args) { for (var i = this.stack.length, item; i--;) { item = this.stack[i]; if (item[0] === name) { item[1](args); if (item[2]) { this.stack.splice(i, 1); } } } } }; var runningSearch = false; var hadAnEvent = true; var elementsToWatch = window.elementsToWatch = new Map(); var innerHeight = window.innerHeight; // timestamp da última rodada do requestAnimationFrame // É usado para limitar a procura por elementos visíveis. var lastAnimationTS = 0; // verifica se elemento está no viewport do usuário var isElementInViewport = function(el) { var rect = el.getBoundingClientRect(); var clientHeight = window.innerHeight || document.documentElement.clientHeight; // renderizando antes, evitando troca de conteúdo visível no chartbeat-related-content if(el.className.includes('related-content-front')) return true; // garante que usa ao mínimo 280px de margem para fazer o lazyload var margin = clientHeight + Math.max(280, clientHeight * 0.2); // se a base do componente está acima da altura da tela do usuário, está oculto if(rect.bottom < 0 && rect.bottom > margin * -1) { return false; } // se o topo do elemento está abaixo da altura da tela do usuário, está oculto if(rect.top > margin) { return false; } // se a posição do topo é negativa, verifica se a altura dele ainda // compensa o que já foi scrollado if(rect.top < 0 && rect.height + rect.top < 0) { return false; } return true; }; var asynxNextFreeTime = () => { return new Promise((resolve) => { if(window.requestIdleCallback) { window.requestIdleCallback(resolve, { timeout: 5000, }); } else { window.requestAnimationFrame(resolve); } }); }; var asyncValidateIfElIsInViewPort = function(promise, el) { return promise.then(() => { if(el) { if(isElementInViewport(el) == true) { const cb = elementsToWatch.get(el); // remove da lista para não ser disparado novamente elementsToWatch.delete(el); cb(); } } }).then(asynxNextFreeTime); }; // inicia o fluxo de procura de elementos procurados var look = function() { if(window.requestIdleCallback) { window.requestIdleCallback(findByVisibleElements, { timeout: 5000, }); } else { window.requestAnimationFrame(findByVisibleElements); } }; var findByVisibleElements = function(ts) { var elapsedSinceLast = ts - lastAnimationTS; // se não teve nenhum evento que possa alterar a página if(hadAnEvent == false) { return look(); } if(elementsToWatch.size == 0) { return look(); } if(runningSearch == true) { return look(); } // procura por elementos visíveis apenas 5x/seg if(elapsedSinceLast < 1000/5) { return look(); } // atualiza o último ts lastAnimationTS = ts; // reseta status de scroll para não entrar novamente aqui hadAnEvent = false; // indica que está rodando a procura por elementos no viewport runningSearch = true; const done = Array.from(elementsToWatch.keys()).reduce(asyncValidateIfElIsInViewPort, Promise.resolve()); // obtém todos os elementos que podem ter view contabilizados //elementsToWatch.forEach(function(cb, el) { // if(isElementInViewport(el) == true) { // // remove da lista para não ser disparado novamente // elementsToWatch.delete(el); // cb(el); // } //}); done.then(function() { runningSearch = false; }); // reinicia o fluxo de procura look(); }; /** * Quando o elemento `el` entrar no viewport (-20%), cb será disparado. */ window.lazyload = function(el, cb) { if(el.nodeType != Node.ELEMENT_NODE) { throw new Error("element parameter should be a Element Node"); } if(typeof cb !== 'function') { throw new Error("callback parameter should be a Function"); } elementsToWatch.set(el, cb); } var setEvent = function() { hadAnEvent = true; }; window.addEventListener('scroll', setEvent, { capture: true, ive: true }); window.addEventListener('click', setEvent, { ive: true }); window.addEventListener('resize', setEvent, { ive: true }); window.addEventListener('load', setEvent, { once: true, ive: true }); window.addEventListener('DOMContentLoaded', setEvent, { once: true, ive: true }); window.gevent.on('allJSLoadedAndCreated', setEvent, window.gevent.RUN_ONCE); // inicia a validação look(); })();
Damião Silva precisou amputar a perna após quadro de trombose relacionado à infecção pelo Sars-CoV-2
Giulia Granchi, de VivaBem, em São Paulo
Ligue o áudio para acompanhar os depoimentos em vídeo
Milhares de pacientes que foram infectados pelo coronavírus continuam a sofrer com sequelas mesmo após a carga viral sumir de seus corpos.
Os sintomas residuais são preocupantes e podem persistir por meses ou, em alguns casos, causar danos para o resto de suas vidas.
Damião: "O coronavírus levou minha perna"
Antônio: "Fiquei tão ruim que via a minha cova"
Simone: "Algumas sequelas são para sempre"
Josimar: "Não entendia nada do que os médicos diziam"
Marli: "De repente, achei que fosse morrer"
Em abril, Damião da Silva, 47, começou a notar alguns dos sintomas que ninguém deseja durante a pandemia da covid-19: febre, dor no corpo, falta de apetite e dores de barriga.
Já suspeitando que fossem sinais causados pelo novo coronavírus, o paraibano radicado em São Paulo acionou uma médica de seu convênio, Prevent Senior, por telefone, e a pedido da profissional, ou a tomar hidroxicloroquina e azitromicina, embora a combinação não tenha comprovação de eficácia no combate à doença.
"Fiquei sob observação à distância, mas no sexto dia, comecei a sentir uma dor na perna. Caminhava, esticava a perna, e o incômodo não ava. Pensei que podia ser um problema de circulação e resolvi contar para a médica, que me aconselhou a ir ao hospital imediatamente. Poucas horas depois, com o resultado do ultrassom nas mãos, a equipe me mandou para o centro cirúrgico."
Damião, que já sofria de diabetes, condição que aumenta o risco de trombose pelas lesões que a hiperglicemia causa nos vasos sanguíneos, possuía coágulos na perna direita. Os médicos tentaram dois procedimentos cirúrgicos, um em cada lado da perna afetada, mas não obtiveram resultados satisfatórios para anular o quadro.
Após dois dias de internação, mesmo tomando anticoagulantes, Damião relata que sentia seu pé gelado e o membro começava a mudar de cor, ficando mais escuro. "Me explicaram que havia coágulos também no pé, onde as veias são delicadas, e não conseguiram retirar."
"Quando eu tava lá no hospital, que ele me deu a notícia, você fica um pouco abalado, né. Mas é assim, é como ele falou: 'Como você é uma pessoa jovem, o que a gente tem na medicina para salvar sua vida é isso'"
Nos 10 dias seguintes a cirurgia, a dor física era constante. "Cheguei a tomar até morfina. É muito dolorido. Mas sempre digo que é melhor sentir a dor e estar aqui contando essa história."
Sem poder voltar ao emprego de zelador de condomínio, o paraibano agora estuda como pedir o auxílio-doença no INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), e afirma que entrará na fila pela modulação de uma prótese na oficina ortopédica da AACD (Associação de Assistência à Criança Deficiente), que também atende adultos.
No âmbito emocional, Damião conta que ficou abalado ao receber a notícia, mas que hoje, depois de algumas sessões com um psicólogo, já se sente mais forte. "Entreguei a Deus e disse aos médicos: 'O que você fizer por mim, agradeço'. É um novo começo de vida. Hoje, minha esposa me ajuda muito, mas já consigo me movimentar com muleta e na cadeira de rodas. Tento ser o mais independente possível."
Olhos
Cérebro
Pulmão
Coração
Fígado
Pâncreas/sistema endócrino
Rins
Intestino
Músculos
Sistema vascular
Pele
Por enquanto, o que os cientistas sabem é que o novo coronavírus induz, em casos mais graves, uma tempestade de citocinas (emissão de sinais entre as células durante o desencadeamento das respostas imunes) que leva à ativação de coagulações, causando fenômenos trombóticos.
"O que amos a entender é que o vírus entra pelo epitélio respiratório (mucosa que se estende da cavidade nasal até os brônquios), agride-o e deixa os brônquios e os alvéolos com a membrana exposta, criando algo parecido com um machucado. Isso faz o corpo querer estancar a ferida, e a resposta do organismo é a coagulação, entrando em estado de hipercoagulabilidade, o que, na verdade, não resolve o problema", explica a pneumologista Elnara Marcia Negri, do Hospital Sírio-Libanês (SP).
Outra hipótese é que o Sars-CoV-2 também pode infectar as células que revestem a parede interna dos vasos sanguíneos, provocando alterações no mecanismo de coagulação, levando a um quadro de hipercoagulabilidade, com a formação de trombos que podem causar amputações, infartos e hemorragias.
"O que eu sempre aconselho é isso aí: se cuidar, não sair à toa, se prevenir o máximo possível. Enquanto não descobrirem um remédio para isso, não é uma boa, não"
Damião: "O coronavírus levou minha perna"
Antônio: "Fiquei tão ruim que via a minha cova"
Simone: "Algumas sequelas são para sempre"
Josimar: "Não entendia nada do que os médicos diziam"
Marli: "De repente, achei que fosse morrer"
Publicado em 13 de novembro de 2020
Reportagem: Giulia Granchi
Fotos: Mariana Pekin
Edição: Bárbara Paludeti
Edição de Fotografia: Lucas Lima
Infografia: Erika Onodera
Direção de arte: René Cardillo
Fontes consultadas: Isabel Chateubriand, coordenadora médica da reabilitação do Hospital Sírio Libanês (SP); Caio Lamunier, dermatologista do HC-SP; Pedro Farsky, cardiologista do Hospital Albert Einstein (SP); Mauro Gomes, chefe da equipe de pneumologia do Hospital Samaritano de São Paulo; e Saulo Nader, neurologista do Hospital Albert Einstein.